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Paixão pelo vôlei passa de pai para filho em Uberlândia

Família em quadra

14 de março de 2018

Manoel e Henrique Honorato após partida no campeonato mineiro Mirim

(Arquivo Pessoal/Henrique Honorato)

Quando chegou pela primeira vez em Uberlândia (MG), em 1999, o paraibano Manoel Honorato tinha uma ideia na cabeça e muita força de vontade para torna-la em realidade. Hoje, quase 20 anos depois, e muito esforço, a semente plantada no triângulo mineiro tornou-se uma equipe de voleibol que disputa pela terceira temporada consecutiva a Superliga B masculina, o Uberlândia/Gabarito/Start Química.

“Eu saí de Campina Grande no final dos anos 1990 e vim tentar a vida em Uberlândia depois de receber o convite de um ex-atleta, que conheci no estágio em São Paulo, para visitar a cidade dele. Gostei da cidade. Eu antes tinha passado um período fazendo estágio com o Josenildo de Carvalho e outros grandes treinadores. O Sesi abriu as portas para mim e cedeu a quadra para eu dar início a uma escolinha. Consegui três atletas que pagavam uma mensalidade de 18 reais. Ou seja, meu primeiro salário em Uberlândia foi de 54 reais”, conta Manoel que primeiro chegou sozinho e após alguns meses trouxe a família.

Como diz o ditado que “filho de peixe, peixinho é”, a influência dentro de casa acabou cativando os filhos Henrique e Júlio que de tanto conviverem à beira da quadra enveredaram pela carreira esportiva. O mais velho, Henrique Honorato, de 20 anos, hoje é destaque na Superliga como ponteiro do Minas Tênis Clube (MG), mas até pouco tempo integrava o elenco do time de Uberlândia, onde conquistou a Liga Nacional em 2015.

“Comecei com nove anos. Nasci em Campina Grande e fui para Uberlândia com dois anos de idade. Desde criança meu pai me levava para os jogos e as viagens, lembro que desde cedo já entrava na quadra após os jogos e brincava com a bola. Fui jogando desde pequeno, não sabia ainda se a brincadeira daria certo. Joguei contra o Minas Tênis desde que comecei a disputar competições pelo time de Uberlândia. Recebi alguns convites para ir antes para o Minas, mas meu pai dizia que ainda não estava na hora, para eu esperar. Até que ele finalmente me deu o sinal verde para aceitar o convite”, relembrou o jovem ponteiro.

O pai Manoel conta que a construção de uma espécie de quadra na garagem foi um ponto fundamental na escolha dos filhos. Para o treinador, ter o filho como um dos atletas nem sempre foi uma tarefa fácil. Além da cobrança em quadra, em algumas ocasiões o menino precisava de um ombro amigo.

“Nós voltávamos juntos dos treinos e jogos e ele sempre me perguntava onde estava errando, no que precisava melhorar. O dia mais triste na vida dele foi quando ele tinha 17 ou 18 anos e estávamos no consultório. O médico fez algumas avaliações e revelou que ele cresceria somente mais um centímetro. Isso o deixou chateado, mas ele não permitiu que o caso tornasse um obstáculo”, disse Manoel.

E os ensinamentos do pai treinador foram fundamentais para Henrique alcançar inclusive a seleção brasileira masculina Sub-21, e disputar o mundial da categoria realizado no ano passado na República Tcheca.

“Meu pai, mais que os ensinamentos em quadra, me passou valores para me tornar uma pessoa integra e honesta. No esporte ele me ensinou a ter frieza nos jogos, sempre usou uma frase que me marcou: ‘mais razão e menos emoção’”, explicou o ponteiro que conta com a parceria do irmão Júlio, de 18 anos para manter-se atualizado com os resultados do Uberlândia.

Nesta temporada o Uberlândia/Gabarito/Start Química terminou a fase classificatória na oitava posição. Nas quartas de final o time mineiro enfrentará o Vôlei Ribeirão Preto (SP) em uma série de melhor de três duelos. A primeira partida será neste sábado (17.03), às 18h30, no ginásio Sabiazinho, em Uberlândia.  

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