Aos 40 anos de idade, o ponteiro Filipe é um dos atletas mais experientes em atividade do voleibol brasileiro. O jogador, nascido em Joaíma (MG), tem no histórico passagem por clubes de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, mas, um time tem lugar especial na carreira do atleta: o Sada Cruzeiro (MG), onde completa, em 2020, 10 anos de casa.
Com pouco mais de duas décadas atuando como atleta profissional, Filipe ajudou a construir a história vitoriosa do clube que, neste período de uma década, conquistou diversos títulos, entre eles 10 campeonatos mineiros, sete Sul-Americanos de clubes, seis Superligas, cinco edições de Copa Brasil e três mundiais interclubes.
Da chegada, como grande reforço, até o papel de referência dentro e fora de quadra que exerce hoje, Filipe conta um pouco deste longo relacionamento com o clube celeste nesta entrevista exclusiva para a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).
Quais fatores influenciaram na sua permanência por tantas temporadas no Sada Cruzeiro?
Acredito que a minha regularidade de forma geral tenha sido um fator. A forma de estar nos treinamentos, a maneira que me relaciono com os mais jovens. Minha liderança é exercida pelo exemplo. Acho que o Marcelo (Mendez, treinador da equipe) viu isso, minha postura como pessoa, como atleta. E isso não deixa de ser um combustível para os que chegam na equipe, para que eles tenham uma referência de como treinamos, como procedemos no dia a dia. Eu tento demonstrar como o projeto funciona, tento colaborar para que o time continue evoluindo.
Você se tornou uma peça importante no elenco, até mesmo pelo tempo de clube. Como você enxerga o seu papel hoje tanto dentro como fora de quadra?
Eu, quando cheguei em 2010, tinha um papel diferente do que tenho hoje. Continuo brigando pela posição de titular, mesmo com 40 anos, sempre contribuo com o meu máximo, e ajudo nos momentos decisivos. Hoje, vejo que também sou uma peça importante do lado de fora, trazendo tranquilidade. Passo o meu conhecimento e experiência aos mais jovens. Esse papel de liderança, ter proximidade com a comissão técnica, sendo o capitão da equipe, me tornou um elo entre os dois lados. Acho que o Marcelo encontrou em mim essa função de correlacionar os treinos e os jogadores, ser o porta-voz dos atletas.
O Sada Cruzeiro tem uma história vitoriosa e você faz parte dela. Quais foram os momentos mais marcantes. E, se só pudesse escolher uma partida como mais importante, qual seria?
Acho que seria até injusto da minha parte falar de apenas um momento dentre os tantos e tão maravilhosos que o Sada Cruzeiro me proporcionou ao longo dessa década. Mas acho que a conquista de nosso primeiro mundial de clubes, em 2013, foi um marco. Não só para nossa equipe, mas para todo o voleibol brasileiro. Fomos a primeira equipe sul-americana a ser campeã do mundo no masculino.
O trabalho na base por parte do Sada Cruzeiro é bastante forte. Como é a relação com a garotada das outras categorias? Eles procuram você para conselhos ou dicas?
Um dos nossos projetos dentro do Sada é justamente trabalhar a base, formar atletas. Vejo que o clube é um grande formador de pessoas, preocupado também com as questões fora da quadra, como o estudo. Para eles é importante o intercâmbio conosco. Nós temos a oportunidade de interagir. Às vezes dois ou três participam de nossos treinos, ou mesmo ficam catando bolas, para eles é o máximo ter esse momento ao nosso lado. Ter este tipo de relação com as categorias de base é muito interessante. Já fiz algumas palestras para os times da nossa base, é bacana passar para eles um pouco na nossa história, para que eles entendam como é o voleibol, o que nos espera, e que é preciso ter persistência e dedicação. Fico muito feliz em termos este trabalho aqui.
Para fechar, como você descreveria a sua relação com o Sada Cruzeiro, a importância do clube na sua carreira esportiva?
A minha relação com o Sada Cruzeiro é sensacional. Eu confesso que não esperava que a minha vinda para cá fosse me trazer tantos momentos prazerosos, tantas glórias e triunfos. As conquistas vieram, a equipe evoluiu e eu tenho um sentimento de gratidão. E demonstro isso na maneira como me dedico em cada treino, em cada jogo, faço meu melhor, tento sempre ser o exemplo para os mais jovens, passar os meus ensinamentos. A confiança de toda a comissão técnica também é muito importante. Enquanto eu puder fazer o meu melhor continuarei aqui batalhando para que, quem sabe um dia, eu possa ter um futuro aqui no Sada Cruzeiro em outra posição, e não mais como atleta.
O Banco do Brasil é o patrocinador oficial do voleibol brasileiro