Ele é jovem, talentoso, carismático e faz parecer que jogar voleibol profissionalmente é uma diversão. Mas, só parece. Liderando o primeiro colocado na tabela de classificação da Superliga Banco do Brasil, Sada Cruzeiro (MG), e eleito no último sábado (15.02) o melhor jogador do Campeonato Sul-Americano de Clubes, Fernando Cachopa leva o esporte muito a sério. Por ele, saiu de casa, em Caxias do Sul (RS), aos 17 anos e vive em Belo Horizonte (MG) desde então.
Fernando é um levantador de sorte. Ele teve a chance de atuar ao lado de grandes ídolos da modalidade como Bruninho e William, e afirma que absorveu deles e também do argentino Nicolas Uriarte, com quem jogou na temporada retrasada, tudo que foi possível. Aprendeu, se espelhou, e criou a sua marca. Esse estilo próprio de jogar vem sendo colocado em prática nas quadras brasileiras, com o time cruzeirense, e passou também pelo âmbito internacional na temporada 2019, quando esteve com a seleção brasileira.
Com 24 anos, Fernando Cachopa vem atingindo uma maturidade necessária aos jogadores da sua posição e, em entrevista exclusiva à Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) conta sobre sua primeira premiação individual de MVP, a relação criada com o Sada Cruzeiro e com o técnico Marcelo Mendez, entre outros assuntos.
– Você veio construindo sua carreira no Sada Cruzeiro. Como se sente chegando a este momento como protagonista do time?
Me sinto bem e feliz. Na minha cabeça o grande protagonista é o conjunto. Temos um time muito bom e que gosta muito de trabalhar e quer crescer a cada dia que passa.
– É especial ser premiado como MVP? Você esperava por isso depois de jogar tão bem essa competição?
Foi o meu primeiro como profissional e É MUITO especial. Na minha opinião, não tivemos as nossas melhores atuações da temporada. Na semifinal, por exemplo, acho que jogamos abaixo do que estamos acostumados. Mas são coisas que acontecem no esporte e temos que saber sair de situações difíceis também. Independentemente da premiação, queria que o clube tivesse o melhor resultado possível no campeonato.
– O que você aprendeu com cada um dos levantadores com quem jogou?
Eu sempre tentei aprender muito com todos os levantadores com quem joguei. Acho que sempre tentei filtrar as melhores coisas que cada um fazia na rotina e tento agregar a mim e ao meu jogo. Passei um período grande com o William aqui no Sada Cruzeiro, desde que subi das categorias de base. Na época o William e a equipe que se tinha aqui eram excepcionais. A precisão com que ele jogava, a velocidade, as fintas que ele fazia. Logo após esse período, tive um ano em que trabalhei com o Uriarte, que foi um cara incrível para o meu crescimento também. A personalidade tranquila dele, as tomadas de decisões corretas em momentos certos, a maneira como ele bloqueia, saca e levanta são um pouco fora da curva para levantadores com a estatura dele. E acho que o Bruno é um exemplo a ser seguido, não só por mim e levantadores, mas atletas de uma maneira geral. No curto período que tive na seleção com ele no ano passado, vi o quanto ele é diferente e como ele exerce bem a função de líder dentro das equipes por onde ele passa. Além de ser um grande levantador tecnicamente e taticamente falando (tive a sorte de ver ele fazer coisas muito legais em treinos e jogos), é uma peça que todos os membros da equipe respeitam e podem se apoiar.
– O Marcelo Mendez apostou em você. O que tem a dizer sobre essa relação de confiança?
O Marcelo foi um cara que apostou em mim desde a minha chegada aqui no Sada. Me colocou na equipe profissional, me colocava em quadra muito tempo, mesmo muito novo, me cobrava e ainda cobra muito nos treinamentos, e me deu a chance de atuar efetivamente. Ele confia muito nas peças em que ele tem na mão e passa isso para o grupo. Comigo não é diferente.
– Estar jogando tão bem no clube te dá esperança quanto a Tóquio? Quando você pensa sobre isso, você se imagina lá?
Eu me policio o máximo para não pensar sobre isso. Não quero dar um passo maior do que a perna. Penso muito em como fazer para ter bons resultados agora no final da temporada com o clube. O que acontecer depois é consequência do trabalho que vem sendo feito diariamente.
– Você está há muitos anos fora de casa. Está feliz no lado pessoal também e isso ajuda dentro de quadra?
Sim. Sinto falta da minha família, namorada e das pessoas que eu gosto, mas é normal. A nossa rotina não permite que a gente sempre esteja perto. Mas me sinto muito feliz com o meu lado pessoal, sim. Isso me ajuda a desempenhar dentro da quadra, sabendo que as coisas fora dela estão bem.
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