Dobradinha histórica com Jackie/Sandra e Adriana/Mônica completa 24 anos

Atlanta-96

27 de julho de 2020

Pódio brasileiro nos Jogos de Atlanta-1996

(Divulgação/COB)

Do Rio de Janeiro (RJ) – 27.07.2020

As conquistas das medalhas de ouro e prata do vôlei de praia brasileiro nos Jogos de Atlanta-1996 completam 24 anos nesta segunda-feira (27.07). A final 100% verde e amarela contou com vitória de Jackie Silva e Sandra Pires por 12/11 e 12/6 sobre Adriana Samuel e Mônica Rodrigues, e ficou marcada na história do esporte. Foram as primeiras medalhas das mulheres brasileiras na maior competição do planeta após anos de espera.

O vôlei de praia fazia em Atlanta sua estreia no programa esportivo dos Jogos, e ranqueadas como cabeça de chave 1, Jackie e Sandra tiveram uma campanha perfeita, vencendo as cinco partidas que disputaram. Além das compatriotas, no caminho até o ouro elas superaram uma dupla da Indonésia, da Austrália e dos EUA. Sandra relembra o desafio.

“Eu era muito jovem, nosso time se preocupou muito com a parte mental, especialmente a minha. Nos cobrávamos muito, queríamos ganhar, não fomos somente pensando em fazer uma boa participação. Sabíamos que era a oportunidade de nossas vidas. Jackie tinha participado duas vezes dos Jogos, na quadra, ela sabia melhor do que eu que era uma chance muito grande de chegarmos na disputa do ouro”, disse Sandra, que completou.

“Todo preço que pagamos para chegar bem, ter ido morar nos EUA, vender carro, deixar o noivo e a família no Brasil, valeu. Foram muitas decisões para uma menina de 20 anos. Não foi fácil, mas eu queria aproveitar a oportunidade, tinha que arriscar. Tivemos uma dedicação total. Não é só treinar e jogar, são várias situações que você vai passando, que vão te moldando. A blindagem que Jackie fez ajudou muito, éramos muito unidas”.

Adriana Samuel e Mônica Rodrigues, que chegaram em Atlanta com a posição 5 no ranking de entradas, também fizeram campanha primorosa. As duas únicas derrotas foram para as compatriotas, uma no Round 4 (espécie de quartas de final no antigo modelo) e a outra na decisão. Para Adriana Samuel, a final brasileira representou um comprometimento das mulheres com o esporte que ainda se organizava e profissionalizava.

“Essa conquista mudou minha vida para sempre, foi um divisor de águas pessoal e profissional. Não só abrindo caminhos enquanto atleta, como depois de ter deixado as quadras. Uma medalha que representa o reconhecimento de um trabalho muito profissional em um período que o vôlei de praia estava chegando no Brasil, era um esporte muito novo. Nós quatro estávamos representando meninas que se dedicaram com muita seriedade. Ainda não era uma modalidade estruturada e treinávamos muito sério, fomos aprendendo, evoluindo, mas com senso de responsabilidade muito grande”, disse Adriana.

Parceira de Adriana, Mônica Rodrigues também destaca o comprometimento da dupla, que nos anos anteriores aos Jogos tinha conquistado o Circuito Brasileiro e o Circuito Mundial.

“Quando paro para pensar, parece que foi há quatro anos. Lembro bem de muita coisa e curto muito essas recordações. Tenho muito orgulho do meu time, não só pela conquista da medalha, mas muito pela entrega durante os anos de preparação, quando soubemos que o vôlei de praia faria parte dos Jogo em Atlanta. Chegando lá, só treinávamos e jogávamos, muito concentradas e determinadas em chegar à final. E conseguimos”, destacou.

Após Atlanta-1996, o vôlei de praia se consolidou e esteve presente em todas as edições dos Jogos, lotando arenas mundo afora. O Brasil é o país com mais medalhas no vôlei de praia nos Jogos Olímpicos, tendo conquistado ao menos uma por edição desde 1996. São 13 no total, sendo três de ouro, sete de prata e três de bronze. Sete delas das mulheres brasileiras.

A IMPORTÂNCIA DE ATLANTA-1996:

Adriana Samuel
“Passei por todo um processo de entender a conquista. E sendo honesta, hoje, 24 anos depois, consigo entender cada vez mais o feito histórico, a importância da conquista. Enquanto estamos jogando, talvez a dimensão ainda não seja tão clara, as competições vão se somando e o foco está em quadra. E agora, cada vez mais orgulho eu sinto. O tempo faz bem, nunca tinha dito a frase ‘fizemos história’, mas é verdade”

Mônica Rodrigues
“Tivemos muitos momentos marcantes, mas destaco duas passagens. A semifinal que vencemos contra a Austrália. Foi incrível, jogamos muito bem para vencer por 15 a 3, talvez em 100% da nossa capacidade. E ao final do jogo, Bernard Rajzman, Marcos Vinicius Freire, Fernando Tovar e outros pularam as placas e invadiram a quadra. Um momento de realização e imensa alegria. E após a final, nós quatro abraçadas com a bandeira do Brasil e no pódio, ouvindo o nosso hino. Também é inesquecível”.

Sandra Pires
“Comemorar esses 24 anos é maravilhoso, ainda mais com todas nós quatro bem, cada uma em sua ocupação, seus desafios. O que vem na minha mente é que é muito bom poder ganhar uma medalha, ter sido uma atleta, participar dos Jogos. Você constrói a sua história de acordo com suas atitudes, sua dedicação e o que você conquistou. O caminho percorrido até lá talvez seja o grande desafio. Por isso damos tanto valor. Não tem como cortar o caminho, pegar um atalho até uma medalha de ouro. É necessário lidar com emoções, lesões, dificuldades, derrotas. Só perdíamos nos EUA no começo do nosso time, mas nunca pensei em desistir. Até que nossa dupla começou a encaixar. Quem chega a um resultado desses, de disputar uma medalha, precisa ter muita resiliência”.