Uma semana depois que a ex-levantadora Fernandinha participou de um papo com as jovens atletas da seleção feminina sub-20 do Brasil, mais uma campeã olímpica em Londres 2012 pelo Brasil compartilhou experiências com as jogadoras. A central Adenízia, atualmente no Sesi Vôlei Bauru (SP), falou sobre transição da base para o profissional, seleção brasileira e desenvolvimento como atleta para toda a equipe, comissão técnica e colaboradores da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), em um encontro virtual por meio da plataforma WEBEX.
A central abriu a conversa destacando a importância do intercâmbio entre as categorias de base e as atletas já profissionais. Para Adenízia, as vivências de quem já está no alto rendimento é muito valiosa às que estão iniciando a carreira.
“Esse tipo de intercâmbio entre gerações é muito importante no desenvolvimento das jovens atletas. Eu fico muito feliz em poder participar deste encontro aqui hoje e passar um pouco das minhas experiências a quem está chegando. Saber como nós começamos e ver o que passamos antes e agora no nível profissional ao jogar em alto rendimento. É uma oportunidade única e a gente precisa aproveitar cada minuto deste contato, e ainda nos aproximar mais da base”, contou Adenízia.
Hairton Cabral, treinador do time sub-20 feminino do Brasil, relembrou os primeiros passos de Adenízia na base brasileira e ressaltou as características mais importantes da jogadora.
“Ela é uma atleta com muita fibra, vibradora, que sempre se dedica bastante nos treinos e nos jogos. A energia dela enquanto está jogando acaba contagiando as demais. Alguém que não desiste. Se um time tiver três iguais à Adenízia no elenco vai muito longe (risos)”, disse o treinador.
A atleta contou sobre algumas questões que teve que lidar ao longo da carreira. Ela mencionou o aprendizado que teve ao lado de jogadoras mais experientes.
“Eu tive uma infância complicada, e isso me deixou com algumas questões que eu extravasava na quadra. Eu queria muito ser jogadora de vôlei. E, em alguns momentos eu pensei em desistir, mas tive jogadoras como Valeskinha, Virna, Elisângela e Paula Pequeno que me davam broncas e conselhos. Eu via onde estava errando e ia treinar mais, se queria treinar o toque ia treinar com as levantadoras”, lembrou Adenízia.
As atletas do time sub-20 tiveram oportunidade de fazer perguntas à Adenízia. A central Aline Olegário quis saber o que motivou a campeã olímpica iniciar no esporte, que prontamente trouxe a lembrança de outro nome fundamental na história do voleibol brasileiro.
“A despedida da Ana Moser foi algo que me marcou. Eu estava vendo pela televisão, e quando acabou o jogo, e ela emocionada dando voltas no ginásio, aquilo me inspirou, ver aquela paixão dela pelo esporte foi o que me fez iniciar. Eu queria ser igual à Ana Moser e me dedicar ao voleibol como ela fez”, explicou a central.
Adenízia deu ainda dicas de cuidados e prevenção de lesões, como o atleta precisa estar atento ao desgaste e do que pode gerar problemas físicos no futuro.
“Eu sempre tive que ‘brigar’ com o meu joelho. Então me acostumei a cuidar do meu corpo e fazer atividades que preveniam as lesões. Eu fico muito irritada quando sinto dor, pois eu quero dar o meu máximo sempre, e com a dor fico limitada. Por isso tento manter em dia a prevenção. E é um conselho que dou a vocês, cuidem-se, pois não seremos jovens para sempre, e o corpo cobra”, disse Adenízia.
Sobre a transição da base para o time adulto, a central contou a própria experiência, como observar as atletas mais experientes ajudou no próprio desenvolvimento.
“Eu sempre joguei em categorias acima da minha idade. E aprendi a observar. Fui chegando e colocando etapas e objetivos. Ia chegando aos poucos, fazendo uma transição. Queria estar preparada para os momentos certos, e isso nós temos que respeitar. Não basta apenas querer, tem que estar preparada para as responsabilidades também”, contou a central.
Adenízia encerrou a participação contando a experiência de superação do time brasileiro durante os Jogos Olímpicos em Londres 2012.
“Estar em uma seleção é algum muito difícil, e no Brasil temos muitas jogadoras de nível excelente, e conseguir um lugar entre as melhores é gratificante. E essa passagem em Londres me mostrou como é importante não desistir nunca. Eu digo que foram dois times do Brasil nessas Olimpíadas. Um antes e outro depois do jogo contra a Coreia do Sul. Depois da derrota, nos unimos, levantamos a nossa cabeça e fomos com muita garra na arrancada até o ouro”, relembrou Adenízia.
O Banco do Brasil é o patrocinador oficial do voleibol brasileiro