A noite desta quinta-feira (03.09) foi mais uma marcada pela difusão de conhecimento pela Academia do Voleibol. A iniciativa da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) reúne profissionais de várias áreas ligadas à modalidade em um seminário virtual realizado duas vezes por semana. Nesta edição, que é a 34ª, o tema foi bastante condizente com o momento atual: o uso da máscara na prática e no treinamento de voleibol.
O palestrante da vez foi o doutor José Alexandre Carvalho, médico especializado em exercício e esporte, e que trabalha junto às seleções brasileiras de voleibol desde 2004. Na abertura da apresentação o médico apresentou os tipos de máscaras disponíveis e os conflitos entre a necessidade do isolamento social e os benefícios que a prática esportiva traz. Ele ainda mencionou a ausência de estudos sobre o tema.
“Logo no início da pandemia e do isolamento eu recebi uma questão de um colega que tinha um paciente com problemas cardíacos e que precisava se manter em atividade. Fazer exercícios ao ar livre ainda não era recomendado. Mas aos poucos, com a indicação de uso de máscara, foi possível desenvolver um experimento para avaliar o uso da máscara em atividades físicas, não tínhamos muitas fontes de pesquisa”, disse o médico.
Em seguida, José Alexandre explicou o método que usou para entender como as funções respiratórias poderiam ser afetadas com o uso da máscara durante o exercício. Além do próprio médico, a medalhista olímpica no vôlei de praia, Ágatha, participou dos experimentos feitos em caminhada, corrida leve e corrida moderada com máscaras de dois tipos: TNT e algodão.
“Eu testei primeiro em mim mesmo a saturação de gás carbônico ao usar a máscara em um teste de esforço. Depois contei com a ajuda da Ágatha e percebi que era possível usar a máscara nessas situações de exercícios mais moderados. O resultado apresentou pequena variação de VO2 (volume de oxigênio) e VCO2(volume de gás carbônico), de 5%”, contou Alexandre.
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Um dos alertas que o médico trouxe ao debate é a necessidade de trocar a máscara durante o exercício em caso de acúmulo de humidade, pelo suor ou por contato com água, por exemplo. Segundo Alexandre, quando molhada, a máscara perde a efetividade.
Na sequência da apresentação, Alexandre trouxe dados de um estudo realizado em julho de 2020 com os valores de quantidade de ar inspirado e expirado por um indivíduo, a potência máxima de ar, o VO2 máximo e desconforto em três situações. A comparação feita entre a ausência de máscaras, máscaras cirúrgicas e do tipo N95 mostrou que a última não é indicada para a prática de exercícios por diminuir consideravelmente os índices em todos os aspectos observados. Ele ainda destacou que não é recomendável o uso da máscara em atividades de alta intensidade, seja um treinamento de força ou de condicionamento cardiorrespiratório.
“A diminuição da capacidade respiratória afeta diretamente a performance. E em esportes de alto rendimento esse efeito é ainda maior. O uso da máscara deve ser considerado apenas em atividades leves e moderadas. Para a alta intensidade, como no esporte profissional, o ideal é realizar a atividade em um ambiente controlado, porém sem as máscaras”, comentou Alexandre.
Para encerrar a explanação o médico elencou as maneiras de praticar esportes em tempo de pandemia. Destacou como ideal a prática em local isolado, ao ar livre e sem máscara. Especialmente em caso de alta intensidade. Em grandes centros, sem isolamento e academias Alexandre indica exercícios leves com o uso de máscara cirúrgica ou de algodão. Para cardiopata, pneumopatas e com outras doenças similares devem fazer atividades em local isolado e sem máscara. E ainda aconselhou a não considerar o uso do tipo N95 para qualquer exercício.
Ao final da palestra, Alexandre respondeu a algumas perguntas vindas do público com a mediação de Márcia Albergaria, da Universidade Corporativa do Voleibol (UCV) e Carlos Rios, presidente da Comissão Nacional de Treinadores (Conat)
Esse foi o 34º encontro da Academia do Voleibol, que realiza reuniões virtuais com temas variados sobre vôlei de praia, vôlei de quadra e Conat. O conteúdo fica disponibilizado no YouTube da CBV (youtube.com/voleibrasil1) e no Canal Vôlei Brasil (http://canalvoleibrasil.cbv.com.br).
O Banco do Brasil é o patrocinador oficial do voleibol brasileiro