A atual gestão da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), liderada pelo presidente Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, criou uma nova política na instituição que visa a beneficiar clubes e federações responsáveis pela descoberta e pelo desenvolvimento de atletas de quadra que se transferem para o exterior. Com a novidade, o valor arrecadado com a taxa de 10% das transferências passa a ser dividido e entidades filiadas à CBV já receberam os primeiros repasses.
O total arrecadado pela Confederação Brasileira com as transferências internacionais até 23 de dezembro de 2015 foi de R$ 1.911.513,08 – deste montante, foram 189 transferências, sendo 115 de atletas do naipe masculino e 74 do feminino. Desta verba, diz a regra que recebe o repasse em cada transferência internacional a primeira federação, o primeiro clube, a última federação e o último clube do atleta em questão – com exceção dos casos em que não haja vínculo com o último clube (quando o jogador se transfere após o término da vigência contratual ou já esteja jogando no exterior).
Alguns exemplos clássicos envolvem grandes nomes do voleibol brasileiro como Sheilla, atualmente na Turquia, e Leandro Vissotto, que joga no Japão. Mackenzie, de Belo Horizonte (MG), e Flamengo, do Rio de Janeiro (RJ), foram os clubes responsáveis pelo trabalho de iniciação desses atletas e receberam, assim como as federações de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, os devidos repasses.
A cada ano será verificado o valor total arrecadado com a janela de transferência internacional, que acontece entre outubro e maio, e os repasses serão realizados novamente. A divisão será sempre a mesma: 50% serão rateados pela cadeia produtiva da modalidade: 20% para o clube do primeiro registro do atleta transferido, 20% para a federação à qual o primeiro clube é filiado, 30% para o último clube do atleta transferido e 30% para a federação à qual o último clube é filiado; os outros 50% de receita para os projetos de desenvolvimento da CBV (Museu, Pós-Carreira, VivaVôlei, Universidade, Cursos de Desenvolvimento).
A ajuda vem sendo muito bem recebida por todos. Segundo o presidente da Federação Mineira de Voleibol, Carlos Rios, esta é uma forma justa de prestigiar os formadores de atletas. “Esse sempre foi um problema para os clubes formadores. Afinal, eles faziam o atleta que, quando despontava, não trazia benefício algum para eles. Agora, essa política é o reconhecimento do voleibol aos clubes que ainda formam atletas, além de ser uma motivação, um incentivo, para que eles continuem com esse trabalho”, opinou Carlão.
O presidente da Federação Mineira fez questão de destacar ainda mais a importância da nova política de transferência internacional criada pela CBV. “A categoria de base tem que ser valorizada e, pela primeira vez na história do voleibol, há esse reconhecimento ao trabalho que é feito lá no primeiro degrau de uma carreira”, complementou Carlão.
Os clubes também comemoram a ação. Segundo o Diretor Executivo de Esportes Olímpicos do Flamengo, Marcelo Vido, essa é uma notícia extremamente positiva. “Em primeiro lugar, recebemos isso como um grande reconhecimento aos clubes formadores. Sentimos que há um número cada vez menor de clubes que investem nesse trabalho, por uma série de motivos, e essa política de transferência pode fazer muitos deles repensarem a possibilidade de formar atletas”, comentou Marcelo Vido.
O dirigente do Flamengo ainda falou sobre o destino do repasse que seu clube receberá. “Tudo isso é uma cadeia. Essa verba que entrará será toda destinada à formação e nós vamos continuar nessa luta, nesse trabalho de fazer surgir novos valores para o voleibol”, concluiu Marcelo Vido.
O Banco do Brasil é o patrocinador oficial do vôlei brasileiro