Bruninho é conhecido no mundo inteiro como um dos principais nomes da modalidade que representa – e mais do que isso, defende – a cada vez que entra em quadra. O amor pelo que é sua carreira, mas também a sua vida, é visível a cada palavra que fala quando o assunto é voleibol. Com garra, foco, determinação, liderança, responsabilidade, dedicação, talento e muitos outros predicados que vem demonstrando ao longo de 17 anos de profissão, Bruninho passou de filho do Bernardinho e da Vera Mossa a uma referência internacional. Neste tempo, conquistou tudo o que disputou. Todos os campeonatos onde esteve, seja por clube no Brasil, fora, ou com a seleção, ele ganhou. Bruninho soma um currículo impressionante.
Mas, o levantador da seleção brasileira e do Lube Civitanova, da Itália, não é só o que vemos dentro de quadra. Fora dela, Bruno Mossa de Rezende, de 33 anos, é um cidadão responsável e preocupado com o amanhã. Por isso, em entrevista exclusiva à Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) na semana seguinte em que conquistou mais um título – o da Copa Itália – Bruninho fala sobre o sonho de trabalhar com crianças, dando um retorno ao vôlei por tudo que ele recebeu, e demonstrando estar atento a um futuro melhor para o país.
O capitão da seleção brasileira também fala sobre seu desejo de retornar ao Brasil, o grande momento que seu clube atravessa, expectativa para este importante ano de 2020, entre outros assuntos. Leia e descubra um pouco mais sobre esse ícone do nosso voleibol.
– Mais um título conquistado pelo seu time no último fim de semana. A que você credita essa fase tão vitoriosa?
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Acredito que essa fase vitoriosa seja fruto do trabalho feito no dia a dia. É um time muito talentoso, com muitos jogadores de muita qualidade, mas que trabalham duro, se dedicam, não estão nunca saciados por vitórias e querem sempre mais. Acho que isso deixa a gente sempre colocando nosso objetivo o mais importante sempre o próximo campeonato. Sem dúvida, isso faz muita diferença que quer continuar vencendo.
– Imagino que seja difícil avaliar, mas qual a importância da sua participação nas conquistas do time?
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Minha importância é como de todos os outros. Lógico, o levantador tem que saber distribuir e aqui no time a gente tem muitos jogadores de muita qualidade, então, saber distribuir e dividir bem porque, como são grandes atacantes, como Leal, Simon, Juantorena, todos querem receber muitas bolas e tem que saber lidar com isso. Acho que o meu papel, como em todas as equipes pode onde passei, é de estar liderando e motivando a galera. É um papel importante, mas não maior do que o de ninguém. Mais uma vez temos um time que faz a diferença justamente por ter um grupo muito homogêneo e que pode qualquer um entrar e dar a sua contribuição.
– Vir de um período tão positivo com o clube pode ser decisivo para a temporada com a seleção?
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Não sei se decisivo, mas, sem dúvida nenhuma, ajuda. Assim, você chega com a confiança de estar trabalhando bem, se dedicando, e as coisas estão funcionando, está sendo recompensando com as vitórias. Então, sem dúvida deixa o atleta feliz pelo trabalho e quando você está feliz as coisas acabam fluindo muito melhor. Difícil dizer se decisivo porque quando chega na seleção você tem um outro trabalho, mas chega animado e muito confiante.
– Ainda estamos no começo, no segundo mês de 2020. Estar vivendo esse ano de tanta expectativa te causa qual sentimento até agora?
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Olha, eu procuro viver o máximo possível no presente. Claro que sempre fica o pensamento, Tóquio está chegando, mas eu procuro focar no meu dia a dia, no cotidiano, que é o mais importante, em trabalhar bem a cada dia porque isso que vai me fazer chegar na seleção, estar bem, estar em forma, no meu melhor momento. Então, acho que o principal, por mais que tenha sempre aquele pequeno pensamento dentro da cabeça em Tóquio, é pensar no dia a dia e fazer o melhor seja na parte física, técnica, tática e ir se preparando mentalmente para cada batalha. Acho que isso que vai fazer você chegar bem lá na frente.
– Pelo grupo que o Renan vem trabalhando, podemos confiar em mais uma medalha para a seleção brasileira?
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O ano de 2019 foi muito importante para a seleção. O Renan manteve a filosofia e o legado que a comissão técnica passada tinha deixado com outros jogadores, de muito trabalho, de dedicação de um grupo unido e homogêneo, com todos tendo oportunidades, e esses são pontos que, sem dúvida, fazem com que o Brasil chegue forte. É difícil, o voleibol masculino é muito equilibrado. Lógico que a gente sonha com uma medalha de ouro, mas é difícil dizer exatamente. Mas, eu tenho certeza que nós todos do grupo, os mais de 14 porque somos talvez 16 nessa luta, estamos muito animados e confiantes naquilo que pode ser feito se o nosso trabalho a cada dia for cumprido da maneira correta.
– Depois de ser campeão dos Jogos em casa, na sua casa, houve uma sensação de dever cumprido? Você ainda se cobra muito por mais um título, agora em Tóquio?
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Claro que foi uma sensação de dever cumprido porque era o título que faltava para alguns dessa geração e vínhamos batendo na trave por duas edições dos Jogos consecutivamente. Então, tinha aquela coisa dentro e você poder finalizar um ciclo com uma medalha de ouro em casa, sem dúvida foi um momento de dever cumprido, de alívio, mas, quando você já volta para a seleção no ano seguinte, a responsabilidade é muito grande. A pressão interna, que nós mesmos nos colocamos por continuar entregando bons resultados e pódio e medalhas para o Brasil é sempre muito grande. Então, não muda essa pressão e responsabilidade mesmo após o Rio-2016.
– O que ainda falta na sua vida? Qual é o seu grande sonho?
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Meu grande sonho é continuar vencendo, jogando em alto nível, tendo saúde para continuar fazendo aquilo que eu amo e isso, sem dúvida, na minha carreira é o que eu espero. Eu gostaria muito e isso é uma coisa que eu já penso para o ano pós-olímpico de poder ajudar e, de certa forma, fazer com que o nosso voleibol brasileiro possa voltar a crescer. Tenho o sonho de tocar mais na parte de projetos sociais, de poder ajudar e, de certa forma, inspirar e motivar cada vez mais a criançada a fazer esporte, principalmente o vôlei, que é a minha área. Tenho esse sonho de poder retribuir aquilo que o vôlei me deu, principalmente em projetos com crianças, com jovens. São coisas que me fariam muito feliz em poder fazer isso. Para depois dos Jogos são coisas que eu tenho muito na minha cabeça, ainda mais se eu tiver a oportunidade de voltar ao Brasil. Aí acredito que vou ter ainda mais possibilidade de fazer esse meu sonho se realizar.