A noite desta terça-feira (18.05) marcou o retorno da Academia do Voleibol. O tema “Transitando entre Carreiras” foi abordado por Antonio Carlos Moreno – ex-atleta e responsável pelo Programa de Carreira do Atleta do Instituto Olímpico Brasileiro – e Katia Rubio – psicóloga e professora da USP. A palestra contou também com a presença da CEO da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Adriana Behar.
“Acredito que é fundamental e é uma das responsabilidades básicas da entidade o cuidado com a capacitação, com a profissionalização, a forma como a gente pode melhorar esse ambiente esportivo, dando mais oportunidades para todos os profissionais e que o ambiente possa ser de mais mercado, mais oportunidades e mais negócios. É um processo continuado de desenvolvimento. Poder falar desse período de transição de atletas, que é o que todo mundo passa, e às vezes passa com grandes dificuldades. O objetivo é que a gente possa diminuir esse período, se preparar cada vez mais para o momento do encerramento de um ciclo da vida dos atletas”, destacou Adriana Behar.
Antonio Carlos é ex-atleta com participação em quatro Jogos Olímpicos, capitão da seleção brasileira durante nove anos e coach responsável pelo Programa de Carreira do Atleta do Instituto Olímpico Brasileiro, área educacional do COB, e Katia é psicóloga e professora da Faculdade de Educação da USP.
“É um tema muito importante a transição, que precisa ser encarado com mais seriedade. É um problema muito grande dentro do esporte brasileiro. Lá no Comitê Olímpico, no Programa de Carreiras, várias modalidades chegam, mas o cenário é sempre o mesmo: atletas despreparados. Eu diria que aproximadamente 15 a 20% dos atletas da atualidade se preparam para a transição. Vejo a CBV com uma iniciativa brilhante, e entendo isso como um reconhecimento a tudo aquilo que os atletas fizeram pela CBV. E também interpreto como uma continuidade que a CBV está oferecendo aos atletas. Vejo muitos atletas falando “puxa vida, acabou minha carreira, o que faço agora?” Está aí mais uma grande oportunidade”, afirmou Moreno.
Katia Rubio destacou que o atleta passa boa parte da sua vida focado apenas no esporte e, por isso, sua formação é diferente da maioria das pessoas. Por outro lado, o esportista carrega a bagagem dada pelo esporte.
“Quando a vida produtiva como atleta se encerra, essa pessoa vai para o mercado de trabalho na idade das pessoas que já estão estabelecidas. Mas essa pessoa também tem uma experiência muito singular, que é viver essa carreira extremamente competitiva, que é ser atleta. É preciso de todo um processo de adaptação para essa nova vida, que inclusive passa por conhecer outras coisas para além do esporte. Muitas vezes, o que a gente faz com os atletas nessa transição de carreira é quase como uma orientação profissional, que os jovens vivem isso antes de entrar na faculdade. A vantagem do atleta é poder chegar num momento da vida com uma vasta experiência acumulada de desafios, que pode ser transposta para outra carreira, e o que precisa é de um processo de adaptação a esse momento”, explicou Katia Rubio.
“O problema é que não se pensa na transição de carreira. Muitas vezes os atletas são tomados por uma decisão que é “Eu não consigo mais jogar, o que eu faço agora?”. Não, não é agora. É como a Previdência. Você tem que começar a fazer antes para poder chegar lá na frente e usufruir desse plano que demora alguns anos. A transição de carreira não se faz de um momento para o outro. A transição tem que ser pensada, ela tem que ser planejada”, completou a psicóloga e professora da USP.
A Academia de Voleibol é um projeto realizado pela Conat e tem como objetivo difundir conhecimento e trocar experiências durante a pandemia da COVID-19. Uma das principais bandeiras levantadas é a produção de conteúdo científico por parte dos treinadores brasileiros.
Esse foi o 55° encontro da Academia do Voleibol, que realiza reuniões virtuais com temas variados sobre vôlei de praia, vôlei de quadra e Conat. O conteúdo fica disponibilizado no Canal Vôlei Brasil (http://canalvoleibrasil.cbv.com.br). As atividades agora terão um recesso e, em janeiro, a nova temporada trará novos debates e palestras.
O Banco do Brasil é o patrocinador oficial do voleibol brasileiro