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Além dos treinos físicos e táticos: saúde mental é um dos pilares da preparação das seleções brasileiras na Liga das Nações

Fundamental

4 de julho de 2022

Carla Di Pierro trabalha com a seleção masculina

(Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Treinos, jogos, viagens, a pressão de grandes decisões, longos períodos longe da família. Além de se preparar física e tecnicamente para grandes competições, como a Liga das Nações, os jogadores das seleções brasileiras de vôlei precisam estar com a mente sã e o espírito preparado para os desafios dentro e fora das quadras. Atenta e isso, a Confederação Brasileira de Vôlei mantém psicólogas nas comissões técnicas das equipes masculina e feminina.

“A atuação das profissionais de psicologia do esporte faz parte da preparação de todas as seleções, está dentro do plano de treinamento. O pilar da preparação mental é tão importante quando os treinos na quadra e na academia. Principalmente com os jogadores mais jovens, influências externas como as redes sociais interferem bastante. Por isso a preparação mental e o trabalho com a psicologia. A presença do profissional da psicologia desportiva na equipe multidisciplinar das comissões técnicas é de grande importância não só na questão direta com cada atleta, mas também para auxiliar os treinadores a lidar com estas questões. É um preparo para toda a equipe, inclusive os integrantes das comissões técnicas”, explica Júlia Silva, gerente de seleções da CBV. 

Carla Di Pierro trabalha com o time masculino comandado por Renan Dal Zotto, que na quarta-feira estreia na terceira etapa da Liga das Nações, contra a Alemanha. A partida é em Osaka (JAP), às 3h40 (de Brasília), com transmissão do sportv 2 “Nossa função é garantir que esteja tudo bem no âmbito da saúde mental. Já avaliamos os níveis de estresse e seguimos monitorando isso. Caso identifiquemos qualquer caso de ansiedade ou algo similar, atuamos junto. Outra área da psicologia do esporte na qual atuamos é a preparação psicológica de desenvolvimento de habilidades”, explica Carla Di Pierro, que é formada pela PUC-SP e também trabalha para o Comitê Olímpico do Brasil (COB) – participou da preparação de atletas para os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2020. “Os atletas estão sempre sob efeito de estresse, seja o físico, em razão do treino, ou o causado pela cobrança da performance em alto nível. Precisamos cuidar disso, prevenir que eles entrem em um nível de desregulação, de vulnerabilidade emocional. Um dos principais papéis da preparação mental é prevenir qualquer desequilíbrio. Estamos em uma realidade na qual existe mais pressão, os estímulos vêm de todos os lugares, inclusive das redes sociais. Então a gente precisa ensinar estratégias de autorregulação e descompressão, para que eles estejam preparados e saudáveis para competir e treinar”, completa Carla, que em 2021 concluiu um curso do Comitê Olímpico Internacional (COI) sobre saúde mental em atletas de elite.  

A seleção feminina do treinador José Roberto Guimarães encara o Japão pelas quartas de final da Liga das Nações no dia 13. Quem cuida da parte psicológica da equipe é Fernanda Tartalha. “A CBV tem a preocupação com este aspecto da saúde mental. É um assunto que atualmente vem sendo visto com mais cuidado de forma geral. Temos um olhar diferente. São questões humanas que estão dentro de todos nós, como ansiedade, depressão, burnout, e estamos atentos a isso. É preciso um espaço para que isso seja cuidado. E a presença de um psicólogo na equipe traz essa empatia, esse acolhimento necessário”, diz Fernanda, que é formada em Psicologia pela Unesp e tem mestrado pela Unicamp em Educação Física. “O trabalho do psicólogo é baseado na relação de confiança, e isso se conquista com o tempo. Na seleção, este tempo é mais apertado, portanto preciso me encaixar na dinâmica delas. É um trabalho que construímos juntos, solidificando esse espaço. O processo está sendo muito bem aceito pelas atletas e pela comissão técnica. É preciso tornar cada vez mais regular esse cuidado, esse olhar para a parte mental da preparação dos atletas”, completa Fernanda. 

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