Em dezembro de 2021, iniciando o planejamento do novo ciclo olímpico, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) apresentou a atletas e técnicos um novo modelo de disputa do Campeonato Brasileiro de Vôlei de Praia, com foco em renovação, emoção, performance e sustentabilidade. Nesta segunda-feira (15.8), foi realizada uma reunião para avaliar a primeira metade da temporada e apresentar o resultado de um estudo técnico feito pela Unidade de Vôlei de Praia. Além do gerente de vôlei de praia da CBV, Guilherme Marques, participaram representantes da Comissão de Atletas de Vôlei de Praia da entidade – Carlos Arruda (presidente), Ramon Gomes (vice-presidente) e Luccas Lima -, representantes dos atletas – Maria Elisa, Oscar, Lucas e João Pedro -, e dos técnicos – Giuliano Sucupira; e integrantes da Comissão Especial para Validação do Regulamento, o presidente da Federação de Voleibol do Mato Grosso do Sul, José Eduardo Amancio da Mota, o Madrugada; e o presidente da Federação Amazonense de Voleibol, Tadeu Picanço.
O estudo apresentado durante a reunião mostra que ainda há diferença técnica e de performance entre os integrantes do Top 8 e as duplas que disputam o Aberto. A CBV reiterou que o sistema é voltado para o desenvolvimento dos atletas, respeitando as maturidades esportivas atuais, para que haja cada vez mais equilíbrio entre os competidores. O formato atual permite uma transição entre as primeiras equipes do Aberto, mas a CBV ainda considera prematuro um deslocamento deste grupo para o Top 8. A maioria dos presente optou pela manutenção do modelo atual de disputa. A Comissão de Atletas reforçou que, em seu entendimento, o modelo com um Top 12 seria o ideal, não sendo necessário um processo de transição mais longo para esta alteração. Porém, sabe da dificuldade da mudança em função de questões logísticas e orçamentárias. A Comissão também destacou a importância da transmissão das finais do Aberto pelo sportv para as duplas que disputam a competição. A CBV e a Comissão de Atletas voltarão a se reunir para, em conjunto, discutir o regulamento do Circuito Brasileiro de 2023.
Na reunião desta segunda-feira, Guilherme Marques explicou que a elaboração do novo formato do Circuito Brasileiro foi fruto da análise do ciclo olímpico que terminou com os Jogos de Tóquio, realizados em 2021. O modelo de disputa está alinhado com o planejamento estratégico da CBV, que tem entre suas missões desenvolver e fortalecer a base do voleibol nacional; e trabalhar para que o Brasil chegue ao pódio em todas as competições. Após análise do cenário, foram identificados estágios diferentes de desenvolvimento entre as duplas. Por isso, a opção foi dividir cada etapa em duas competições (Aberto e Top 8), para atender as necessidades específicas de cada um desses grupos.
- O Top 8 reúne as sete melhores duplas do ranking e uma parceria convidada – a campeã do Aberto anterior. Para essas duplas, o objetivo da mudança foi oferecer jogos com maior grau de dificuldade, simulando a pressão e o nível de competições internacionais. No sistema antigo, por exemplo, o primeiro colocado do ranking geralmente enfrentava o 24º, o 16º e o 12º do ranking na primeira fase. Com o novo formato, encara o 8º, o 4º e o 5º. Em 2022, o Brasil conquistou ouro, prata e bronze no Campeonato Mundial, e 13 medalhas em etapas do Circuito Mundial
- As duplas que disputam o Aberto ganharam visibilidade (transmissão ao vivo das finais), a oportunidade de disputar jogos mais equilibrados e a experiência esportiva de disputar semifinais e finais. A confirmação do bom resultado, com a conquista de um título, vale a chance de disputar o Top 8 com a melhores duplas do país.
O novo sistema proporciona competição de alto rendimento, que exige o máximo de cada atleta de acordo com a sua maturidade competitiva.
DADOS DO ESTUDO APRESENTADO PELA CBV NA REUNIÃO DESTA SEGUNDA-FEIRA
(alguns dados da primeira etapa de Saquarema não foram considerados, por ter sido uma etapa com participação atípica das duplas)
- Com jogos mais equilibrados, o novo sistema aumenta a chance de vitória das duplas vindas do qualifying, proporcionando a chance de disputar mais partidas e, consequentemente, desenvolvimento e experiência esportiva. Nesta temporada, 8 equipes masculinas e 4 femininas vindas do qualifying chegaram às semifinais do Aberto em 2022
Desempenho das duplas vindas do qualifying no primeiro jogo do torneio principal
FORMATO ANTIGO (temporadas 2020/2021 e 2021)
Masculino – 10% de vitórias (12 vitórias em 116 jogos)
Feminino – 5% de vitórias (5 vitórias em 116 jogos)
NOVO FORMATO – ABERTO (não foi considerada a primeira etapa de Saquarema)
Masculino – 33% de vitórias (16 vitórias em 48 jogos)
Feminino – 27% de vitórias (13 vitórias em 48 jogos)
- O Aberto proporciona visibilidade para um número maior de duplas (transmissão ao vivo das finais no sportv), acesso a semifinais e finais (ganho de experiência esportiva) e competição mais nivelada (mais atrativo para o público e para os jogadores)
MASCULINO (não foi considerada a primeira etapa de Saquarema)
Semifinais disputadas por 17 equipes diferentes (70% de rotatividade)
Finais disputadas por 10 equipes diferentes (83% de rotatividade)
FEMININO (não foi considerada a primeira etapa de Saquarema)
Semifinais disputadas por 13 equipes diferentes (54% de rotatividade)
Finais disputadas por 10 equipes diferentes (83% de rotatividade)
- Por que Top 8? Ao jogarem o Top 8, as duplas campeãs do Aberto disputam no mínimo três partidas com as melhores parcerias do país. Essa experiência é importante, mas o estudo mostra que ainda existe um caminho de desenvolvimento a percorrer
Desempenho das duplas campeãs do Aberto no Top 8
MASCULINO
3ª Etapa: 3 jogos e nenhuma vitória
4ª Etapa: 4 jogos e 1 vitória
6ª Etapa: 3 jogos e 1 vitória
7ª Etapa: 3 jogos e 1 vitória
FEMININO
3ª Etapa : 3 jogos e 1 vitória (dupla campeã não participou – análise da dupla número 8 do ranking – substituta)
4ª Etapa : 6 jogos e 4 vitórias
6ª Etapa : 4 jogos e 1 vitória
7ª Etapa : 3 jogos e nenhuma vitória
- Por que Top 8? Dentro do próprio Top 8, ainda há diferença técnica entre os 4 primeiros do ranking e as demais duplas. O trabalho é voltado para um desenvolvimento das parcerias para que haja mais equilíbrio.
CONFRONTOS TOP 5-8 x TOP 4 EM 2022
MASCULINO: 9 vitórias em 40 jogos (22,5%)
FEMININO: 14 vitórias em 42 jogos (33,3%)
- Diferentes equipes estão experimentando o Top 8. Não há um “bloqueio” para a participação de duplas do Aberto no Top 8. O modelo permite que duplas com resultados consistentes mudem de patamar: Pedro Solberg/Arthur Lanci e Taiana/Hegê começaram a temporada no Aberto e hoje estão no Top 8
MASCULINO: 14 equipes já disputaram o Top 8 (não foi considerada a primeira etapa de Saquarema)
3ª etapa: 8 equipes
4ª etapa: + 3
6ª etapa: + 1
7ª etapa: + 2
FEMININO: 12 equipes já disputaram o Top 8 (não foi considerada a primeira etapa de Saquarema)
3ª etapa: 8 equipes
4ª etapa: + 1
6ª etapa: + 2
7ª etapa: + 1
Outras ações para o vôlei de praia
O novo formato do Circuito Brasileiro uma das ações da CBV para o vôlei de praia em 2022. Em março, foi criada a comissão técnica permanente da modalidade, que dá suporte às duplas do alto rendimento e participa da criação de metodologias para as categorias de base. Leandro Brachola, técnico campeão olímpico nos Jogos Rio 2016 com a dupla Alison/Bruno Schmidt, é o supervisor técnico; e Marco Char, o coordenador da equipe, que conta com profissionais de fisioterapia, análise de desempenho e fisiologia. Durante o Campeonato Mundial de Roma, que terminou com ouro de Duda/Ana Patrícia, prata de Vítor Felipe/Renato e bronze de George/André, e nas etapas do Circuito Mundial, os atletas contaram com a presença dos fisioterapeutas Eduardo Ruhling e Vinicius Marques, e com as informações enviadas pela equipe de análise de desempenho. Na etapa de Vila Velha do Circuito Brasileiro, o fisiologista Helvio Affonso, em parceria com o Tommasi Laboratório, coletou dados de 20 atletas, que geraram análises para as comissões técnicas das duplas brasileiras, e também serão transformados em um artigo científico.
A CBV também fez parcerias importantes com o Comitê Olímpico do Brasil e com o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), para que atletas que representarem clubes no Circuito Brasileiro possam usufruir de facilidades de logística e infraestrutura, como passagens aéreas.
Em julho, começou o programa de trabalho conjunto e incentivo aos técnicos. A primeira fase, que vai até setembro, reúne os treinadores das quatro melhores duplas do ranking da Federação Internacional após o Campeonato Mundial de Roma, em junho. Eles recebem um bolsa auxílio e participam do monitoramento e da avaliação de atletas, programas de vivência e de treinamento das categorias de base, além de cursos de capacitação.
O Banco do Brasil é o patrocinador oficial do voleibol brasileiro