A história do gaúcho Renan Dal Zotto se confunde com a do voleibol brasileiro. Prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984 e com o nome gravado no Hall da Fama do Voleibol desde 2015, já foi jogador, técnico, gestor. Brilhou no Brasil e no exterior. Desde 2017, comanda a seleção brasileira masculina. Seu mais novo desafio é o Campeonato Mundial, que começa na sexta-feira, dia 26, na Eslovênia e na Polônia. O Brasil vem de cinco finais consecutivas, com três títulos (2002, 2006 e 2010) e dois vices (2014 e 2018). A responsabilidade da busca pelo tetra é encarada com a experiência de 45 anos dedicados ao voleibol.
“A quadra é o meu ambiente. Na hora em que abracei esse projeto, o foco da minha vida passou a ser a seleção brasileira masculina. Desde o primeiro treino. E uma coisa posso garantir: vou me dedicar e me entregar sempre, ao máximo”, diz Renan, que levou o Brasil aos títulos da Copa dos Campeões (2017), da Copa do Mundo (2018) e de três Sul-Americanos (2017, 2019 e 2021), além de uma prata no Mundial de 2018 e do título da Liga das Nações de 2021, conquistado no período em que o técnico estava licenciado para o tratamento da covid-19, que o deixou internado por 36 dias.
O grupo que disputará o Mundial treinou durante duas semanas no Centro da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), em Saquarema. A preparação incluiu também uma passagem pela França, com um jogo-treino e um amistoso contra a seleção local, e atividades na base que o Comitê Olímpico do Brasil usará durante os Jogos de Paris 2024. A convocação uniu experientes campeões olímpicos, como Bruninho, Wallace e Lucão, a talentos da nova geração, como Darlan.
“Estamos em um momento de transição, mas chegamos no Mundial para brigar pelo título. Temos um grupo bem interessante, com jogadores mais experientes e uma garotada muito jovem. Durante as semanas de treino em Saquarema e na França, a equipe mostrou evolução e equilíbrio técnico em todos os fundamentos. Temos um grupo que chega ao Mundial em uma condição muito favorável. Vamos fortes e preparados para enfrentar um ritmo de jogo bem intenso”, analisa o técnico.
Nas últimas quatro décadas, Renan viu o vôlei brasileiro crescer, se profissionalizar e virar referência mundial. Quando começou, sequer sonhava viver do esporte. E nem que seria o criador de um estilo de saque que hoje faz parte do ensino básico de qualquer escolinha do esporte. “Comecei a jogar na escola. Antes, praticava futebol, mas quando o voleibol entrou na veia, eu queria jogar a todo momento, sempre que tivesse tempo. Em 1974 fui convocado para a seleção gaúcha e não parei mais. Naquela época, a linha de passe era concentrada em apenas dois jogadores. O saque era muito mais lateral. O treinador me liberou para tentar o saque viagem em um jogo. Fiz muitos pontos e fomos campeões. Aquilo ficou marcado para mim e para todos os que estavam ali. Hoje não existe jogador de voleibol que não faça o saque viagem”, conta Renan, que estreou com a camisa amarela do Brasil em 1976, no Sul-Americano juvenil. “Até 1981, ninguém no Brasil imaginava que fosse possível viver de voleibol. Na minha primeira convocação para a seleção adulta, em 1977, o que a gente queria era representar o país e ter a oportunidade de fazer uma viagem internacional”.
Depois de cinco temporadas na Itália, onde também marcou época, Renan Dal Zotto iniciou a carreira de treinador. Foi vice-campeão da primeira edição da Superliga, com o Palmeiras. Depois vieram quatro títulos com a Cimed, um como treinador (2005/2006) e três como gestor (2007/2008, 2008/2009 e 2009/2010). Na gestão da Unisul, Renan foi campeão da Superliga em 2003/2004 e vice-campeão em 1999/2000 e 2002/2003. Hoje, o passado pioneiro e vitorioso é referência para o presente às vésperas da estreia em mais um Campeonato Mundial. Mas os olhos também estão voltados para o futuro, com o trabalho integrado entre a equipe adulta e as seleções de base. “Minha vida toda foi pautada pelo voleibol, dentro das quadras ou fora delas. Minha história e a do voleibol do Brasil se confundem, me sinto parte. Fico orgulhoso por saber que de alguma maneira ajudei a construir esse caminho tão bacana e vitorioso”, finaliza.
Para o Campeonato Mundial, o técnico Renan convocou os levantadores Bruninho e Fernando Cachopa; os opostos Darlan, Felipe Roque e Wallace; os centrais Flávio, Leandro Aracaju e Lucão; os ponteiros Adriano, Leal, Lucarelli e Rodriguinho; e os líberos Maique e Thales.
CAMPEONATO MUNDIAL – PRIMEIRA FASE
26.08 (sexta-feira) – BRASIL x Cuba, às 6h – sportv 2
28.08 (domingo) – BRASIL x Japão, às 9h – sportv 2
30.08 (terça-feira) – BRASIL x Catar, às 6h – sportv 2
O Banco do Brasil é o patrocinador oficial do voleibol brasileiro